Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a taxa de ocupação no mercado de trabalho para pessoas com deficiência é significativamente menor do que para aquelas sem deficiência, mesmo quando possuem ensino superior completo. Apenas 51,2% das pessoas com deficiência e educação superior estão ocupadas, enquanto esse número chega a 80,8% para as pessoas sem deficiência na mesma condição.
Surpreendentemente, mesmo as pessoas sem deficiência que possuem ensino superior incompleto (taxa de ocupação de 71,6%) e ensino médio incompleto (64,1%) têm mais oportunidades de emprego do que aquelas com deficiência e ensino superior completo. Entre as pessoas com deficiência, as taxas de ocupação são de 42,4% para ensino superior incompleto e 33,6% para ensino médio incompleto.
Barreiras persistentes para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho
De acordo com a pesquisadora do IBGE Maira Bonna Lenzi, mesmo com a conclusão do ensino superior, as pessoas com deficiência enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Elas enfrentam diversos desafios, mesmo assim conseguem concluir o ensino superior, o que não é suficiente para garantir sua entrada no mercado de trabalho.
Desigualdade nas taxas de ocupação e renda
A pesquisa da Pnad Contínua revelou que a taxa de ocupação geral para pessoas com deficiência é de apenas 26,6%, em comparação com 60,7% para as pessoas sem deficiência. Entre as mulheres com deficiência, a taxa de ocupação é ainda mais baixa, atingindo apenas 22,4%, enquanto a média nacional para mulheres sem deficiência é de 50,8%.
Trabalho por conta própria como alternativa para pessoas com deficiência
A pesquisa também mostrou que a maioria das pessoas com deficiência ocupa a posição de trabalhador por conta própria (36,5%), enquanto entre as pessoas sem deficiência, esse número é de 25,4%. A pesquisadora Luciana Alves dos Santos explica que a busca por trabalho por conta própria pode ser uma forma de pessoas com deficiência conseguirem trabalhar e obter remuneração, uma vez que muitas delas enfrentam dificuldades para se inserir no mercado de trabalho formalizado.
Desigualdades na informalidade e na renda
A taxa de informalidade entre as pessoas com deficiência é de 55%, enquanto para as pessoas sem deficiência esse número é de 38,7%. Além disso, a renda média do trabalho para pessoas com deficiência é 30,8% mais baixa do que para as pessoas sem deficiência, sendo de R$ 1.860 em comparação com R$ 2.690. Para as mulheres com deficiência, a média é de R$ 1.553.
Preconceito pode ser um fator contribuinte para a desigualdade
A pesquisadora Luciana Alves dos Santos ressalta que a pesquisa não explora as razões por trás das diferenças na ocupação e renda entre pessoas com e sem deficiência, mas acredita que o preconceito pode estar relacionado a essas disparidades. Ela destaca que as desigualdades persistentes, incluindo aquelas enfrentadas por mulheres e pessoas negras, são acumuladas ao longo do tempo na sociedade.
Agência Brasil.