Menos da metade dos estudantes de 15 anos de idade conseguiu atingir aprendizado mínimo em ciências e matemática
No Brasil, menos de metade dos estudantes de 15 anos de idade conseguiu atingir um nível mínimo de aprendizado em matemática e ciências, de acordo com os resultados obtidos no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Apesar do baixo desempenho, a pontuação dos alunos brasileiros nas disciplinas avaliadas teve pouca variação.
Os dados foram divulgados nesta terça (5), pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e são referentes ao ano passado.
Em 2022, o Brasil alcançou 379 pontos na avaliação de matemática, 410 pontos em leitura e 403 pontos na disciplina de ciências. Na última edição do Pisa, referente ao ano de 2018, a pontuação atingida pelos estudantes brasileiros era de 384 em matemática, 413 em leitura e 404 em ciências.
Com estes números, o Brasil ocupou as seguintes posições no ranking composto por 81 nações:
- Leitura: 53° (em 2018: 57º)
- Ciências: 61° (em 2018: 64º)
- Matemática: 65° (em 2018: 70º)
Apesar dos resultados considerados abaixo da média, se comparados aos dados das últimas edições, o Brasil se manteve estável, levando em conta as dificuldades impostas pela Covid-19. O país conseguiu, inclusive, subir algumas posições no ranking.
“Considerando que fomos um dos campeões do mundo em números de dias com escolas fechadas, os dados surpreendem: nossos recuos nas médias em cada área avaliada não estão entre os piores quando considerados os países com características e patamares prévios similares”, explica Olavo Nogueira Filho, diretor executivo da ONG Todos Pela Educação.
O Pisa avalia os conhecimentos dos estudantes de 15 anos de idade nas três disciplinas mencionadas. Nesta edição, o teste foi realizado por 690 mil estudantes de 81 países. Mais de 10 mil alunos de 599 colégios passaram pela avaliação, aqui no Brasil, em 2022.
Motivos para a estagnação
O diretor executivo da ONG Todos Pela Educação, Olavo Nogueira, vê duas hipóteses para essa estabilidade nos índices brasileiros no Pisa, apesar da pandmeia.
A primeira mostra que os esforços médios das redes de educação em 2022 podem ter tido algum efeito positivo para atenuar quedas maiores. A segunda é que os dados sugerem que o Brasil vinha melhorando seu desempenho nos últimos anos e os impactos da pandemia “neutralizaram” essa melhoria.
Na média geral, comparado a 2018, países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recuaram 10 pontos em leitura e 15 pontos em matemática, quedas nunca antes observadas no Pisa. Alemanha, Holanda e Noruega, com patamares prévios mais altos, puxam a queda.
Na América Latina, o Brasil está na frente de países como Argentina, Panamá e Guatemala na avaliação de matemática, que foi o foco do exame em 2022.
Na primeira posição se destaca Singapura, com a nota mais alta nas três áreas de avaliação. Outros países asiáticos como Japão, Macau e Taiwan também se revezam no topo do ranking.
Os países com resultados mais baixos apresentam uma mudança conforme a área do conhecimento. Em matemática, os últimos colocados são El Salvador, República Dominicana, Paraguai e Camboja.
Entenda a prova
O Pisa é uma avaliação internacional coordenada pela OCDE. No Brasil, quem realiza a aplicação é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e os resultados são divulgados a cada três anos.
Criada em 2000, a prova avalia jovens de 15 anos, pois este é a última faixa etária em que a maioria das crianças continua matriculada. Segundo os organizadores, a prova considera não apenas a capacidade dos alunos para reproduzir o material aprendido, mas também a sua capacidade de aplicar o conhecimento de forma criativa em contextos da vida real.
A prova é aplicada em um único dia, feita em computadores, e tem duas horas de duração. Cada edição foca em uma das três áreas de avaliação, e em 2022 foi matemática.
Agência Brasil
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